No momento que vi aquele dragão meu peito se
encheu de raiva, pois tinha sido a espécie dele que estaria destruindo tudo e
todos que conheci, eu fiquei lá, esperando ele simplesmente resolver morder
minha cabeça fora e brincar de cabo de guerra com meu intestino, mas ele tomou
uma ação totalmente inesperada, lambeu meu rosto, eu então percebi que ele não
estava esperando pra me jantar, e sim procurando um companheiro, resolvi adotar
aquele dragão, nomeei-o Eridor, ele seria meu companheiro dali pra frente.
Terminando de brigar com Eridor pra ver que ficaria com o esquilo, decidi
viajar pra fora da cidade, porque um ciclope aparecera e o dragão e o ciclope
estavam lutando com toda sua força, logo quem morreria seria eu, então peguei
um pedaço de madeira e me adentrei na floresta em busca de alimento e um bom
lugar para ficar, sem contar também a rota secreta para Arkadian que meu povo
escondia. Procurei por alguns dias, e já estava quase morrendo de inanição, até
que achei uma tribo indígena, espiei-os por algum tempo para ter certeza que
não eram canibais. Depois de 3 horas espiando tinha quase certeza de que eles
eram apenas índios comuns, então quando estava prestes a me adentrar na tribo,
alguns índios passaram segurando um homem amarrado a uma tora de madeira, eu
então olhei para Eridor e mandei-o ir assustar os índios, sabia que Eridor não
me entendia, mas não tinha mais ninguém para conversar, para a minha surpresa,
Eridor me obedeceu e saiu correndo em direção aos índios, que ficaram
estupefatos com a presença de um dragão em sua tribo, tanto que largaram o
homem no chão e saíram correndo, alguns para dentro de suas casas e outros
atrás de Eridor, no meio de toda confusão eu desamarrei o homem, que me disse
ser um mago, ele então explicou que tinha muita pressa, mas como era um mago
muito poderoso me recompensaria por ter salvado-lhe a vida, então conjurou uma
espécie de feitiço, e apareceram duas espadas de ferro novinhas, e me deu um presente,
um pequeno inseto, parecido com uma borboleta, só que sem as asas, “O que é isso?”
perguntei-lhe, “Um tradutor”, olhei para o pequeno inseto e concluí que aquele
mago era completamente maluco, mas ele tinha me dado espadas então não poderia
ser tão ingrato, ele então me explicou que eu devia por o pequeno inseto no
ouvido, e ele traduziria todo e qualquer tipo de língua no mundo, hesitei por
um momento, “Ele é um mago” disse para mim mesmo, “Posso confiar nele”, então
coloquei o pequeno inseto no meu ouvido, ele começou a andar por dentro da
minha cabeça, o que me deixou realmente nervoso, mas então ele parou e minha
audição melhorou a níveis alarmantes, era como assistir uma luta de gladiadores
imortais, mas com os ouvidos. O mago me agradeceu mais uma vez e explodiu em
milhares de pétalas de rosa, as espadas, convenientemente, vinha com bainhas
prontas, uma espada reconheci como ferro, porque era prateada, mas a outra
espada eu não sabia de que metal era feito, porque era uma espada preta, e
parecia ser um material bem resistente, pois consegui defender (e quebrar)
contra uma espada de níquel, as mais fortes da região, apesar de não fazer idéia
de como teria ido parar em uma tribo indígena, lutei com alguns índios, mas
consegui escapar depois de algum tempo. Andei pela mata por alguns dias
tentando me lembrar da rota para Arkadian, finalmente quando achei, adentrei
sem nenhuma preocupação, até que uma flecha foi lançada contra mim, então me
lembrei de todas as armadilhas, e do pior, o grande guardião da rota era um
poderoso Manticore, nomeado pela cidade de Koh, o devorador de rostos, porque
esse Manticore tinha o terrível hábito de devorar rostos, por isso a rota para
Arkadian tinha sido selada, tomei coragem e adentrei a rota, que era uma
caverna que passava por baixo do mar, tinha uma barreira mágica que impedia de
os efeitos de pressão ou outras coisas entrarem em ação. Estava quase no final
do túnel, e estava exausto, Eridor não mostrava sinal algum de cansaço, presumi
que por ser de pedra, não sentiria frio, calor ou qualquer outra reação dessas,
tinha minhas dúvidas se ele respirava, mas não era hora de pensar nesse tipo de
coisa, deitei-me e armei um fogo para tentar espantar o Manticore. Consegui
dormir por uma, duas horas no máximo, porque Eridor me acordou subitamente,
olhei para a saída da caverna, que deveria estar a cerca de 100 metros de mim,
a criatura vermelha entrava bloqueando a luz do sol, ao contrário das lendas,
seu rosto não era de um homem, era fisicamente exatamente como um leão, só que
ruivo e coberto de espinhos que lançava a estonteantes velocidades, meu corpo
inteiro tremeu, “Como vou matar uma criatura desse tamanho?” pensava, estava
completamente parado, não fazia barulho algum, então o Manticore foi se
aproximando de mim lentamente, quando ele estava a 8 metros de mim, percebi que
ele era cego, quando sentiu meu cheiro grunhiu, e sumiu, meu coração bateu mais
uma vez e senti a respiração da criatura no meu pescoço, virei com um golpe,
mas já havia sumido, a criatura me bateu com sua cauda, olhei para cima, nada,
para os lados, nada, então voltei a olhar para frente, e lá estava o Manticore,
com seu grotesco nariz de leão encostado ao meu, ele me empurrou com uma de
suas patas, voei 4 metros para trás, a força dele era extraordinária, apanhei
por mais alguns minutos, até que minha paciência se esgotou, agarrei firmemente
as espadas e esperei o próximo golpe, uma saraivada de espinhos venenosos,
pulei no ar e defleti seis ou sete espinhos, e quase fui pego por um, no
momento que caí no chão o Manticore saiu correndo mais uma vez, mas dessa vez
eu sabia o que ele iria fazer, peguei minhas espadas e as joguei para o lado,
bingo, acertei duas patas do Manticore, “Hehe, você parece ser um bom
guerreiro, finalmente fui vencido, parece que meu trabalho aqui terminou”
dizendo isso ele se esvaiu em pó, fiquei meio feliz e meio zangado, feliz
porque não precisei arrancar as tripas daquele Manticore, zangado porque não precisei
arrancar as tripas daquele Manticore. Peguei a poeira em um pequeno frasco que
carregava comigo e alguns espinhos que o Manticore havia atirado contra mim, e
fui vender na cidade, com o dinheiro consegui comprar uma pequena casa no
subúrbio, e, para ser mais humilhado ainda, minha casa era ao lado de um enorme
casarão, mesmo assim não desanimei e arrumei um trabalho na forja local, fui
então informado que o material de minha espada negra (apelidada de Yang) era
obsidiana, fiquei bem impressionado, não é todo dia que se vê obsidiana. Com o
trabalho na forja local consegui pagar as despesas durante três anos.
Continua...